Ora, irmãos, não quero que vocês sejam ignorantes quanto ao fato que nossos pais, no Êxodo, estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar.
Assim, podemos dizer que todos eles foram batizados, tanto na nuvem como no mar; e isto no que dizia respeito a Moisés.
E mais: podemos dizer que todos eles comeram de um pão espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia...
A pedra era Cristo!
Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto.
Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
Não se tornem, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
Também não pratiquemos a promiscuidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil.
Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes.
Nem tampouco murmuremos, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador.
Ora,
estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para
advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm
chegado.
Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.
Não
nos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejamos tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, nos proverá livramento, de sorte que a
possamos suportar.
Portanto, meus amados, fugi da idolatria.
Paulo
nos diz que o caminho do Evangelho, que é caminho de Graça — é bondade e
favor de Deus para que vençamos as tentações da jornada.
Não
nos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejamos tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, nos proverá livramento, de sorte que a
possamos suportar.
No entanto, Paulo também nos diz que as conseqüências de se querer a Graça de Deus como Graxa de Deus, são claramente demonstradas pelo caminhar do povo de Israel pelo deserto, conduzidos por Moisés.
A
ênfase de Paulo é em “todos”. Todos receberam os benefícios. Todos
saíram do cativeiro. Todos foram batizados tanto na chuva da nuvem
[conforme o salmo] como no passar pelo mar sem se afogarem. Todos
tomaram a “ceia do maná” e todos beberam da água viva que escorria da
rocha. Mas a maioria deles não se fez agradável a Deus pelo seu modo de
andar...
Paulo
diz que os “sacramentos” da eucaristia e do batismo em nada os
ajudaram, pois, a vida com Deus é feita de sacramentos de obediência e
não de ritos.
Então
o apóstolo adverte dizendo que houve algumas coisas no coração dos que
peregrinavam pelo deserto e que são as mesmas coisas presentes em todos
nós, os que caminhamos pelo chão árido desta terra de peregrinações.
Cobiçaram
o que não tinham como se fosse obrigação de Deus libertá-los para uma
vida de hedonismo. E faziam isto como fantasia, posto que desejassem
agora os alhos e cebolas do Egito, dizendo: Como era boa a nossa vida na
terra do Faraó!
Tornaram-se
idolatras não por causa exclusivamente do culto ao Bezerro de Ouro,
mas, sobretudo, diz Paulo, em razão de que a mente deles se tornara um
altar de idolatria do prazer e do deus do imediato; posto que apenas
pensassem na vida como um acontecimento de comida, bebidas e prazeres.
E, segundo Paulo, este é o espírito mais sutil da idolatria: a idolatria
do imediato e dos sentidos. É a tal vida feliz que só é feliz na
confusão dos muitos folguedos o tempo todo. No tédio de Deus, então,
devaneio...
Além
disso, entregaram-se à promiscuidade, especialmente depois de pensarem
que como Israel havia vencido a macumba de Balaão, agora, então, estavam
livres para a promiscuidade; posto que se Deus os amava, como
aparentemente demonstrara protegendo-os da “mandinga do Bruxo” — então,
pensavam: “Se estamos livres da mandinga do Bruxo, estamos livres para
pegar a mulher dos nossos amaldiçoadores!” Assim, agora, na confusão
mental deles, a Graça era um sinal de que estariam livres para tudo.
Portanto, mergulharam na promiscuidade.
Por
último Paulo adverte contra o espírito de insatisfação e de murmuração,
dizendo que tal espírito suscita na existência o poder do exterminador.
Assim, sem delongas, Paulo diz:
A
Graça que cobre o pecado e o pecador, cobre todo pecado e todo pecador
que deseje viver livre do pecado como escravidão; mas não é um documento
de alforria das conseqüências da vida; como se por causa da Graça
alguém recebesse permissão a fim de que viva como quem morra...; e,
ainda assim, colham-se os frutos que somente colhem os que vivem como
quem vive, segundo Deus.
Desse modo, Paulo lhes diz:
Vocês
pensam que porque são de Cristo, foram libertos dos ídolos explícitos,
receberam batismos, tomam a eucaristia do Corpo de Cristo e bebem da
fonte da Vida — vocês ficaram imunes ao pecado?
Que nada! — diz ele.
E conclui:
Aquele que assim segue andando... crendo que apenas
porque tenha provado benefícios espirituais está livre para se entregar
aos ídolos do coração: cobiça, volúpia, promiscuidade, hedonismo,
alienação, auto-engano, murmuração, ingratidão, etc. — está caído no
chão da vereda e não sabe.
Pode
haver inflação de cultos, batismos, ritos, dízimos, ofertas,
pertencimento ao grupo, etc. Mas se o coração não andar no caminho em
Graça responsiva ante ao perdão e a libertação, esse fica no estado
piorado do qual Jesus falou, sete vezes pior, e, também, põe-se no
estado que Pedro descreveu como o de uma porca lavada que volta à lama.
Quanto a nós, cabe a advertência:
Aquele que julga está em pé, cuide para que não caia!
E a razão é simples:
Não
nos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não
permitirá que sejamos tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação, nos proverá livramento, de sorte que a
possamos suportar.
Nele, que nos tira de uma vida de cobra, comendo o pó da terra, e nos põe sobre os nossos próprios pés, andando como gente,
Nenhum comentário:
Postar um comentário